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Mostrando postagens de 2012

Eu não sou seu tipo

Eu não sou o tipo de garota que você procura. Eu sou morena, sou baixinha e uso um óculos detonado. Você gosta de loiras. Eu já tive uma experiência com lentes de contato, para que o óculos não ofuscasse essa cor clara dos meus olhos, mas não deu muito certo. É, eu tenho os olhos os claros, mas sou cega. Eu tenho preguiça de depilar as pernas e quando faço, você nunca repara. Eu tenho o vício de roer as unhas e dificilmente pinto as unhas dos pés, mas eu adoro o meu sapato vermelho de salto altíssimo, o que me deixa mais mulherzinha e me faz ficar um tanto poderosa. Eu não gosto de forró, mas te acompanho nessas festas sempre lotadas, com pessoas suadas e bêbadas. Eu também fico bêbada de vez em quando, porque eu descobri que beber de vez em quando até que pode ser divertido. A gente chega até dançar! Mas você não gosta do jeito como eu danço. Isso não me faz gostar de forró e muito menos do seu hip-hop ofensivo, que nem mesmo você sabe a tradução. As músicas que eu gosto são ridícu

Censura

Está proibida qualquer forma de exibição do seu nome ou do seu rosto na minha vida e qualquer manifesto que mostre o quanto você exerce um poder involuntário sobre minhas decisões. Está expressamente proibido qualquer som que emita seu nome ou qualquer foto que me faça abrir um sorriso involuntário relacionado a você. Embora você me faça rir, sua existência provoca um mal à minha saúde emocional. Ver você passar me causa alergia e dor. Te ouvir sorrindo me causa alucinações sonoras à noite. Ainda não inventaram o remédio que me cure de você, é por isso que estou te proibindo, ou me proibindo de você, não sei. Qualquer pessoa que violar essa regra imposta pela minha cabeça doentia, estará sujeita à multa. Você se aproveita da minha ingenuidade para se camuflar de melhor amigo, faz propaganda de você mesmo e eu acabo abrindo uma ressalva. Eu volto atrás e torno a censurar o numero do seu telefone na minha agenda e sua música preferida tocando inesperadamente no rádio. Eu sou uma audiên

A esperada declaração inesperada

Depois de abrir a caixa de e-mail e se deparar com a notícia que estava contratada para ingressar no emprego que esperava por quase dois anos, ela mal se conteve de tanta alegria. Contou a novidade aos amigos mais próximos e logo decidiu dar uma festa de despedida. Organizou cada detalhe, selecionando convidados e planejando o que comprar para beber, e, então, montou os convites e distribuiu no dia seguinte na faculdade, aos amigos da mesma rua e aos amigos da escola passada. - Eu tô nervosa. - Vai logo e entrega esse convite pra ele. - E se ele não for? - Claro que vai! Vocês são amigos, são colegas de classe. - (suspiro) Tá bom. - Age com naturalidade, como se estivesse convidando qualquer pessoa. - Esse é o problema: ele não é qualquer pessoa. - Tá, mas ele não sabe disso. - Me espera aqui. Se aproximou de mais um dos vários grupos que haviam na sala de aula dela, mas desta vez ele estava sozinho. - Oi. - Oi! (breve sorriso) - Ó, esse fim de semana tô organizando u

Meu próximo namorado

Eu ainda não encontrei você. Mas quando eu encontrar, você vai ser o garoto mais bem humorado que eu já conheci. Você irá me acordar de manhã com o barulho da música tocando alto no aparelho de som, no último volume. E você vai me acordar para que a gente dê uma caminhada no parque, quando o dia ainda estiver amanhecendo. Quando eu acordá-lo, seja muito cedo ou muito tarde, ele vai continuar com o mesmo sorriso incentivador de todos os dias. Eu e você vamos brincar na cozinha, e você não vai se irritar caso eu não queira preparar  nada muito complexo para o almoço, ainda que sua fome exija um banquete. Eu vou receber um torpedo seu ao menos uma vez por dia; você vai me ligar - dia sim, dia não - para saber como estou e se meu dia está muito cansativo. Ele vai fazer um jardim no nosso terraço e levará um buquê de flores pra mim no dia em que eu tiver nosso primeiro filho. Você, meu futuro namorado, gosta de programas simples e alternados - e a gente vai se dar bem por causa disso. N

Certas coisas nunca mudam

Eu já tinha desistido de esperar por você. Eu não olhava mais o celular esperando por mensagens suas e estava decidida a dar um rumo diferente para o caos que você deixou minha vida. E eu estava bem, juro. Te ver passando não fazia diferença e saber que outra pessoa tinha 'tomado' o meu lugar no assento do seu carro e do seu braço não me deixava triste. Eu conheci outras pessoas, me diverti com outros casos, outras fotos e até foras. Bebia moderadamente, mas o suficiente pra ficar bem 'felizinha'. É, eu realmente tinha superado qualquer coisa em relação a você. Eis que você me aparece no começo da tarde, sem aquele sorriso no rosto. Eu ajo naturalmente e finjo não perceber. A verdade é que, se meu olhar cruzar com o teu é fatal. Continuei evitando. Até que você me chama e pede pra conversar. E então percebi que certas coisas nunca mudam, ainda que você queira se livrar delas. Você continua com o mesmo corte de cabelo, a mesma sandália e as mesmas camisetas. Seu perfum

A alma que queria companhia

Ela passeava toda a tarde no jardim, porque as flores eram as únicas que gostavam de ouvi-la. Seu choro regava cada pétala. O toque de suas mãos acariciava cada espinho e ela já não sentia mais dor. A moça do cabelo longo, castanho-claro, sempre amarrado em coque por causa do calor excessivo, acendia uns dois ou três cigarros e observava o sol se pondo na cidade de pedras. Ela sentia falta da fazenda de beira de estrada, onde o riacho corria transparente por detrás da colina. Na cidade, o pôr-do-Sol nunca fora tão cinza. O nascer do Sol sim, era mágico. Ela escrevia sobre seus amores, todos falhos, estampados em porta-retratos na escrivaninha da sala, nunca concretos. Ouvia jazz e blues com um pouco de café, sentada na poltrona que ficava perto da janela. A poltrona perto da janela. Seu lugar preferido naquela casa tão grande, tão vazia, com cômodos ainda inutilizados. A poltrona de couro marrom, aconchegante, onde sempre pegava no sono, quase sempre às onze-e-pouco da noite. Seu q

A Ju, o Beto e a chuva.

Era manhã de uma segunda-feira qualquer. Tinha tudo para ser a mesma monotonia de sempre, mas o dia por si só já havia começado diferente: ao contrário do calor habitual e o Sol escaldante de todos os dias, nuvens escuras tomavam posse do céu; logo uma tempestade cairia. O vento soprava sereno e um friozinho gostoso pairava pelo pequeno apartamento. Não fosse a energia, que foi embora assim que a chuva se fez presente, tudo estaria perfeito. O computador anunciava bateria fraca, então ela o conectou ao no-break  para aproveitar o restante de bateria ouvindo música. Coldplay. Agridoce. Adele. Jack Johnson. Enquanto a playlist reproduzia aleatoriamente uma a uma das músicas, ela pegou um bloco de papel e uma caneta, sentou-se próximo à janela e observou a chuva que escorria pela vidro e banhava as árvores na calçada do prédio. De repente, alguém bate à porta. Não tinha energia, logo a campainha não funcionava. E ela ainda não havia mandando instalar o tal do interfone. Perguntou, em

Consertos, desconsertos, confusões. Ilusões.

Eu me tornei a metade vazia daquilo que meu próprio corpo desconhece. Eu me tornei extrema solidão de afins e o desconserto de uma carência em demasia, que chega a dar dó. Sufoco-me em palavras não ditas, em atitudes interrompidas e no vento que sussurra tua voz. Ignoro o cheiro da brisa que me empurra pra longe disso que me faz mal. Te encontrei no meio do caminho e fiz de ti a minha saída, a válvula de escape que me tiraria do abismo. Mas você me deixou pendurada em galhos secos, de ponta a cabeça, enquanto tudo girava ao meu redor. Você fugia para eu não ter que me acolher embaixo das tuas asas e eu me encontrei sozinha em prantos. Eu não exigi nada além da tua amizade, embora meu coração ingênuo estivesse confundindo sentimentos. No meio da madrugada eu não precisaria nada além de palavras que me roubassem um sorriso frouxo, mas você me abandonou no meio da conversa. Alegrei minha alma e a enchi de falsas esperanças sempre que você chegava trazendo carinhos. Você quis ser meu amig

A novela

Finalmente te puxei pra perto, mas a novela tá só começando. Eu não me aguentava mais de agonia ao te ver passar me olhando. Eu quis te olhar de perto e vi teu sorriso bem perto do meu. Eu quis ouvir tua voz e, de quebra, ganhei tua história contada em melodia. Baguncei teu cabelo sem nunca ter te dado um aperto de mão. Mas eu era só uma criança perto da pureza que é tua companhia.  Você me fazia ficar à vontade quando minha bochecha corava em timidez. Enquanto eu flertava contigo por conversas em pedaços de papel, você já havia preparado cartazes com mil declarações. Eu só queria tua amizade e você me deu carinho em forma de amor. Tô te esperando na beira da calçada pra gente contar histórias repetidas, pra desenhar memórias do que nós ainda nem fomos. Você some. Eu te penso e você aparece, como que atraído pela força do meu pensamento. Você ainda é só um menino. Mas eu não quero que você se afaste, porque agora eu que vou cuidar de ti. Você passou a mão no meu cabelo e me ouvi

Solitudine

Estava decidida a encontrar outro amor. Empolgada, me perdi no primeiro olhar cruzado na esquina, na primeira frase carinhosa, no primeiro sorriso lindo e qualquer outra coisa que me desse a impressão de estar apaixonada de novo. Perdi a vergonha e me propus a ser uma pessoa sem escrúpulos. Esqueci os ensinamentos de minha mãe e não me importei em parecer mais umas dessas meninas que se apaixonam todos os dias por um novo 'amor'. No começo eu gostei. Nada mais me fazia lembrar de você, mesmo que nossos amigos continuassem falando no teu nome, se referindo a mim e a você como 'vocês'. Não tem mais vocês, ou nós, ou um casal. Eu aproveitei enquanto pude. Gastei todas minhas energias em botecos baratos e me atrevi a experimentar outras substâncias. Mas aí lembrei que um dia vou doar meus orgãos, então eles precisam estar em ótimas condições de uso. Uma pena que meu coração esteja absurdamente gasto e cheio de feridas. Seria egoísmo doá-lo no estado em que ele se encont

Era uma vez o amor

Você foi o meu amor de verão mais longo e bonito. Era uma tarde ensolarada, que clamava por um passeio no bosque acompanhado de sorvete. Em meio a tantas fotos de crianças e cachorros, meu zoom alcançou você. Inventei qualquer desculpa para uma breve aproximação e você entrou no meu jogo. A princípio, os dois jogaram e não houve empate. Nós dois saímos ganhando. Eu detestava ir à praia, mas gostava de ver a forma como você e ela se davam bem. Teu corpo bronzeado era só um detalhe. Eu gostava da tua companhia e do bem que ela fazia à minha saúde emocional. Você nunca me fez bem. O amor é uma coisa gostosa, mas que não faz bem. É uma espécie de droga, que você experimenta e te deixa capaz de cometer as maiores loucuras, adrenalina à mil. Quando o efeito passa... Bem, você sabe como o corpo e o coração da gente fica depois do efeito dessa droga de amor. Vieram as outras estações e nós mantínhamos o mesmo calor da época de verão. Água de coco nenhuma era suficiente pra me hidratar quan

Bipolaridade

Coração apertado. Estômago embrulhado. Falta de atenção. Você na cabeça. Los Hermanos. Maria Gadú. Música triste. Lágrima escorrendo. Rabiscos no caderno. Fotos no celular. Desabafo com os amigos. Sair para dançar. Beber para esquecer. Chegar em casa e lembrar tudo de novo. Dormir sozinha. Abraçar o travesseiro. Rever fotos no computador. Conhecer gente nova. Flertar com um menino bonito. Lembrar de você. Colocar a aliança no dedo. Tirar a aliança do dedo. Discar teu número. Não chamar. Te ver. Tentar um beijo. Desistir do beijo. Querer-te longe. Querer-te perto. Confusão. Indecisão. Arrependimento. Alívio. Ciúme. Raiva. Carência. Lembranças. Passado. Pensamentos. Texto novo. Casal apaixonado. Gente casando. Eu com inveja. Eu feliz por eles. Triste por mim. Por nós. Tô chata. Volta? Não. Fica aí mesmo. Me liga. Me procura. Sinta minha falta. Não quero voltar. Não quero te dividir. Não fica com ninguém. Seja feliz. Comigo. Sem mim. Outro dia e lá vem você. Mas eu não lembro mais.

Long Live

A minha vontade era te dar um beijo bem dado. Era olhar no teus olhos e dizer que foi tudo uma brincadeira para testar você e a potência do teu 'gostar' e relação a mim. Mas me mantive firme. Por fora. Por dentro eu estava desmoronando e desabei mais ainda quando vi que no fundo você também sentiria falta do que nós fomos. Ou nem chegamos a ser. Eu te deixei ir, mas ainda sinto você como propriedade minha. Ninguém pega nem chega perto. Ilusão. Já tomaram você de mim e não há tempo para arrependimentos. Você segurou minha mão e isso aumentava ainda mais minha esperança. Nós conversamos e rimos como não fazíamos há muito tempo. Isso me dá a certeza que longe ficamos melhor. Melhor, não. Ficamos bem. Mas a cama não vai ter mais o mesmo conforto sem você do lado. O café da manhã não vai ter a mesma alegria. Os filmes de terror -nem tão aterrorizantes assim- vão se tornar assustadores, enfim. Há tempos essa sensação de perda não embrulhava meu estômago. E até dor nas costas me d

Você para chamar de minha

Vem, menina. Traz teus olhos bonitos para perto do meu e continua com esse sorriso bobo como nas vezes em que me viu passar. Já percebi tua bochecha vermelha de tanta timidez e eu acabo ficando bobo e ruboresço também. Mas é de alegria. De adentar a sala e te ver sentada, acariciando teus próprios cabelos negros e longos. De sair e, por coincidência, te encontrar no corredor. Vem, menina. Traz esse caderno na minha mesa e me deixa ler o que tanto tu rabiscas nele. Traz tua cadeira aqui para perto da minha, porque a gente não combina em direções opostas. Outro dia tive a leve impressão de que tu estavas a me fotografar. Fiquei sem graça, mas fiquei feliz. Porque enquanto você fotografa, eu te desenho. Vem e traz para perto de mim esse teu perfume que me pertuba e invade os minutos que antecedem meu sono. Fala comigo, menina, e deixa-me ser teu amigo. Larga esse celular e descansa teu olhar na direção do meu. Vem. Quebra esse gelo do teu coração. Me dá uma última chance para ver t

Amizade em preto e branco

De repente, eu me pego escrevendo todos aqueles versos caretas de músicas, trechos de poemas e parágrafos de livros de romance. De novo. Eu quis puxar tua carteira pra mais perto e agir como tua melhor amiga. Quis pegar teu caderno e rabiscar meu nome em cada parte da última folha. E a cada dia eu preciso mais e mais da tua companhia. As pessoas pensam que quero um namorado, dizem que tô apaixonada e que eu sou legal. Eu fico insuportavelmente chata quando gosto de alguém. Minha mãe me conhece e sabe que é só uma paixonite adolescente, que logo logo isso passa. Enquanto isso, te chamo pra tomar um café e tirar fotos. Você é fotogênico. E lindo. Peço para que escrevas qualquer coisa e encaixo num desses meus textos, só pra ter um pedaço de você naquilo que já é parte de mim. Depois transformo em tatuagem e te gravo em forma de poesia. Não me pergunte o significado dessas outras espalhadas pelo meu corpo; você descobriria que não foi o primeiro. Mas cada envolvimento com uma pessoa d

POST ESPECIAL: Surpresa da Irmã/Madrinha

“As pessoas mais felizes não tem as melhores coisas, elas sabem fazer o melhor das oportunidades que aparecem em seus caminhos” Clarice Lispector Alaiza ou Lalá Hoje acordei pensando em você, fiquei até com medo porque isso é raro, MAS deu vontade de escrever pra ti, como eu tenho preguiça de pegar uma folha e escrever, resolvi digitar e passar por aqui. Faz tempo que não te escrevo né?! Nem lembro a última vez, mas enfim, queria dizer que preciso de você, achei que não já que brigamos tanto, mas saiba que você faz falta.  Às vezes chego do colégio e quero conversar com alguém, brigo com Caio e preciso de conselhos, mas quando abro a porta do quarto você não está lá escrevendo na sua agenda e ouvindo LH. Hoje fiquei deitada lembrando de nós duas, lembrei do dia que escondi tua bolinha de papel e você me bateu, das nossas brincadeiras tentando simular o ‘passa ou repassa’ e do jeito divertido que foi ver você imitar o Cebolinha todas as noites. Me peguei sentindo

Carta impossível

Você sabe que escrever cartas nunca foi -nem nunca será- minha praia. Durante todo esse tempo em que estivemos juntos, lembro-me de ter escrito apenas uma carta pra ti. Não sei o motivo pelo qual tô te escrevendo essa outra, mas eu senti uma necessidade grande de esclarecer algumas coisas. Antes de mais nada, saiba que não quero te comover com nenhuma palavra que vou escrever aqui. A tua decisão já foi tomada, embora tenha sido -na minha opinião- precipitada. Perdoe-me meus erros de português. Eu nunca fui romântico e isso nem deveria ser banal, mas você insiste em querer ler para mim esses poeminhas ridículos. Eu detesto teus vícios tecnológicos e sempre fiz questão de deixar isso bem claro, mas você insiste em querer me mostrar compartilhamento de fulano ou ciclano no Facebook. Eu não gosto das músicas que tu costumas ouvir e muito menos da tua tentativa de cantar músicas em Inglês, assim como você não gosta que eu ouça forró no último volume dentro do carro. Mas eu ouço e te agu

O baile dos sonhos

Era quase meia-noite e eu andava sozinha pelos corredores da escola. A escola, gigantesca, era dividida em três andares, e, ao longe, eu ouvia sons como que de uma festa. Segui o som e não encontrei absolutamente nada. Por mais estranho que fosse estar naquele horário, numa escola totalmente vazia, eu não sentia o mínimo de desconforto. Um vento muito forte começou a bater e por uns segundos achei que um temporal fosse cair. As folhas se desprendiam das árvores e as luzes do corredor principal do terceiro andar começaram a piscar. O vento cessou, mas um perfume de cheiro forte tomou conta do lugar e percebi que aquele era o seu perfume. Um frio tomou conta da minha barriga só de imaginar que eu você poderíamos estar sozinhos, tarde da noite e sem motivo algum. Seria coincidência? Como cheguei até aqui? O que eu to fazendo aqui? Aos poucos uma sombra foi surgindo na escadaria e eu quis correr. Mas o medo e a curiosidade fizeram minha perna travar por alguns instantes, sem me deix

O menino bonito

Parecia amor de Jardim de Infância. Não sei que diabos você fez para que eu não conseguisse mais tirar teu bendito -ou maldito- sorriso metálico da cabeça. Olhei pra você e senti vontade de escrever uma cartinha, como uma garotinha que decobre o primeiro amor e já imagina uma vida feliz e eterna ao lado do seu amado. Eu sou teatral demais, aviso desde já, e passei a te namorar no interior da minha imaginação. Você é a companhia perfeita pra andar de mãos dadas na hora do recreio. Eu te dou um pouco do meu lanche e você agradece com um beijo. Sou a mais animada na torcida da sua turma do futebol, ainda que você nem consiga dominar direito a bola. Você passa e eu fico observando cada movimento seu. E sinto ciúme quando você empresta uma borracha pra amiguinha que senta na sua frente. Somos novos demais para determinar posse um do outro. Quando volto pra realidade você continua sentado um pouco mais à frente da minha carteira e eu te observo escrevendo num caderno fino, de capa azul.

Insuficiente

De tanto querer que fosse você, eu desisti. E percebi que já não era pra você nenhum dos meus textos. Eu não conseguia formular nenhuma frase bonita se eu quisesse te usar como inspiração. Eu quis que você fosse a razão pela qual eu pudesse manifestar o que eu sentia sem medo nenhum de parecer ridiculamente apaixonada ou iludida por um 'felizes para sempre'. Agora me encontro aqui, às duas da manhã, imaginando um sorriso totalmente diferente do seu, que me faça enxergar outras cores além do cinza que sua presença deixou. Busco por olhares mais alegres e rostos que não me recordam nenhum pouco da sua aparência ou da sua voz. Ficar sozinha por um tempo, depois de me acostumar com a mesma companhia de sempre, parece desesperador. Mas a gente acaba se acostumando e percebendo que não é tão ruim assim. A sua roupa continua do lado esquerdo do guarda-roupa; seu contato ainda está salvo no meu celular com um apelido carinhoso e ainda guardo fotos nossas no papel de parede do compu

Ode aos [falsos] moralistas

Sabe aquelas pessoas que, além de chatas, fazem questão de jogar na tua cara que tudo o que tu faz/fala/ouve/assiste é coisa de criança? Pois é... Eu odeio! E, infelizmente, a sociedade tá cheias de pessoas assim espalhadas por aí, prontas pra te darem um sermão, por se acharem superiores ou mais cultas que você.

Heroi às avessas

Ainda que você não tenha trocado minhas fraldas e muito menos acordado em plena madrugada pra consolar meu choro, você ainda é meu heroi. Ainda que você não seja como aqueles pais de filme americano, que sabem lutar e enfrentam qualquer espécie de bandido pra salvar a filha indefesa, eu faço homenagem pra você, como nas festinhas da escola, no Ensino Fundamental, com direito a presentes e músicas ensaiadas com a classe durante semanas. Ainda que você tenha vícios ou minta, ainda que você tenha outra família ou apenas more longe, você sempre vai ser meu super-heroi sem capa, sem poderes e sem disfarces. Não sei se me acostumei com sua ausência, porque eu fico feliz quando você chega, mas me irrito quando você demora por muito tempo e ainda pra dar sermão de manhã, de tarde e à noite. Mesmo que a gente não converse bastante e mesmo que eu passe a maior parte do tempo trancada no quarto e você vendo seu futebol entediante na sala, eu fico feliz em só te ter por perto. Você fez sua

America's Best Dance Crew

Eu PRECISAVA compartilhar com vocês esse meu gosto por danças de rua, gente! Eu não danço absolutamente nada quando saio do meu quarto, mas fico deslumbrada quando vejo clipes musicais, filmes ou apresentações na TV que tragam esse tipo de dança. Na verdade, qualquer programa que envolva dança -tipo o So You Think You Can Dance e até mesmo o Dança de Rua no TV Xuxa- consegue me prender na frente da televisão. Em outra vida, eu seria líder de torcida AWN Nos últimos meses fiquei viciada no programa America's Best Dance Crew [ou ABDC], que passa todas as terças, às 18h, no Boomerang. Talvez vocês já tenham ouvido falar e talvez assistam também, mas pra quem não sabe, o programa é uma espécie de reality show musical, onde vários grupos de dança de rua precisam dar o melhor de si pra se tornarem os maiores e melhores dançarinos dos Estados Unidos! É cada apresentação incrível, com passos perfeitamente elaborados, que eu fico boquiaberta! Tento arriscar uns passos, mas eu sou um de

Um recado ao meu homem

Nada vai ser como antes [Culpa sua eu me tornar chata ao escrever a mesma coisa toda vez que começo um texto]. Não adianta quantas vezes eu leia a primeira carta que você me deu ou quantas vezes eu chore lendo versos nas minhas agendas de anos passados. De agora em diante as coisas vão ser assim: eu cá, você lá. Uns abraços apertados de vez em quando e um beijo sem vontade algumas vezes ao dia. Estamos muito ocupados e muito distantes, ainda que perto. Eu quase não ouço sua voz e nem percebo se você ta acordado ou dormindo. Eu não sei o que se passa na sua cabeça e tento engatar uma conversa, em vão. E acabo falando demais. Converso demais e sozinha. Vez ou outra planejamos ter uma casa, mas é muito de vez em quando. E acabo me acostumando com o fato de me afundar em livros, em músicas, ou nos textos escritos por outras pessoas. Demorei a perceber que não vamos mais conversar na beira da calçada até anoitecer. As despedidas, que antes eram doloridas e me faziam desejar que você fica

Veja bem

Você não imagina como é chata essa atitude em querer transparecer sofrimento e dor, bancar a mocinha da história e se fazer de coitada. É chato ter que ouvir lamentações o tempo todo, quando o que você mais precisa é ouvir histórias engraçadas ou qualquer outra história diferente do que já está acostumado a ouvir e ver e viver todos os dias. É estressante sentir a falta de uma pessoa, ligar pra ela pra matar a saudade, e lá do outro da linha você só escuta noticias ruins, de doenças e perdas, derrotas e fracassos. Então, resolvi não ligar mais.

Ana Crônico

Ana habitava numa casa um tanto imperial. Lustres de vidro enfeitavam as salas aconchegantes e o piso era feito de madeira envernizada. As escadarias possuíam detalhes artesanais que ela mesma fizera. Ana vivia sozinha; não gostava de baladas, não gostava de agito e guardava uma máquina de datilografar no sótão, que herdara de sua avó. Ana tinha apenas 19 anos e saíra há pouco tempo da casa dos pais. Sempre teve esse gosto por coisas antigas, que tivessem uma história por trás de todas elas. No corredor da casa haviam quadros feitos em tintura a óleo, cada um retratando diferentes paisagens. Nos tempos de escola foi apelidada de ‘anacrônico’, graças ao seu bom gosto por objetos gastos e sua mania de sempre ficar só. Odiava quando as meninas populares tentavam, de todas as maneiras, implicar com seu cabelo despenteado e seu all-star rasgado. Até suas próprias primas criticavam seu estilo largado e despreocupado. Eis a razão pela qual não se sentira bem na casa dos pais, que estava

Dia 18

Seria um baile dos 15 anos de alguém. Festa à fantasia, com o tema clássico de príncipes e princesas. Todos mascarados e meninas com vestidos perfeitamente trabalhados. Numa determinada hora, eu subira as imensas escadas do castelo em busca do toillet mais próximo e parei pra observar a lua, que refletia seu brilho através das janelas cobertas por longas e delicadas cortinas. Eu já não lembrara a razão pela qual estava ali e esqueci de vez quando vi você subindo a escadaria com um sorriso lindo, terno impecável e a famosa flor vermelha no bolso esquerdo do paletó. Você se juntou a mim e ficamos contemplando a lua por um tempo. E depois de muita conversa, nossos lábios se tocaram pela primeira vez. Pelo menos foi assim em todos os meus sonhos. Durante várias noites eu sonhava com essa cena e por muitos dias eu esperei por esse beijo. E quando ele veio, foi entre o vai e vem de carros e o tagarelar de pessoas estressadas e cansadas depois de um dia cheio de estudo e trabalho. Mas nada

A arte de desacreditar

E aos poucos a gente vai desacreditando. Das pessoas, das atitudes delas, dos abraços, das palavras de conforto, de dois beijinhos e dos gritos histéricos das meninas preocupadas com o resultado de uma tarde inteira de salão. Sim. Até o tal gritinho é teatral demais, tudo combinado. Não dá pra acreditar na mãe, no pai e no filho. A gente quer acreditar no marido da filha da vizinha que acabou de se mudar, porque acreditar em quem você confiou a vida inteira acaba se tornando frustrante demais. E você fica absurdamente espantada em ver como as pessoas mentem tão bem, contracenam tão bem, conseguem fingir sem o mínimo de remorso ou culpa. São conversas bobas, histórias falsas e desconexas. E foi preciso esperar uma eternidade de tempo pra perceber que o inimigo mora ao lado, dorme junto, almoça e janta na mesma mesa.

Deixa

Faça-me parar de viver como se estivesse numa novela. Nenhum momento vai ser reprisado. Nenhuma situação vai ter trilha sonora ou câmera lenta. Isso tudo é vida real e eu não to aproveitando nada. Eu esperei que todos vissem a cena em que você me levou um café na cama no meio da noite, porque você sabia que mesmo  que eu estivesse morrendo de fome, eu não ia levantar e preparar alguma coisa. Eu quis que no nosso primeiro beijo tocasse uma música especial, mas o único barulho que eu lembro foi dos ônibus chegando e saindo, levando passageiros apressados e estressados, depois de um dia cheio de trabalho. E até hoje espero ver seu rosto, quando você deita de um lado da cama e eu me recolho pro lado oposto. Eu não posso ler seus pensamentos, mas posso reconhecer teu estado de espírito, quando tá feliz ou triste. Eu não gosto do teu silencio, mas já me acostumei com ele. Eu já desejei que nós conversássemos mais, mas agora me contento apenas com o fato de você estar do meu lado. E isso não

WISHLIST: Tattoos #1

Já faz algum tempo que eu morro de vontade de fazer tatuagens pelo corpo. Apesar dos' conselhos' de familiares do tipo: 'ai, creeedo, uma tatuagem?', tô me preparando pra marcar meu corpo com alguma tattoo ainda esse ano. E todo mundo sabe que pra fazer tatuagem tem que ser com alguém de confiança, que use material novo e que tenha todo o cuidado necessário. E, além disso, não pode tatuar qualquer coisa, qualquer modinha, porque ela vai ficar no corpo PRA SEMPRE e sempre vai ter alguém com a famosa e irritante pergunta: 'por que você tatuou isso?' ¬¬  Tenho na mente uma lista das várias -todas pequenas e discretas- sobre quais imagens e/ou frases fazer. Vejam só:

Bagunça

Oi, galera. Tô cheia de coisas pra escrever, cheia de ideias na cabeça, mas nunca consigo organizá-las pra postar aqui. Volta e meia entro em um e outro Blog, pra buscar inspiração e acabo me perdendo. A verdade é que tô tentando arrumar a bagunça aqui do Blog, separar por temas e categorias específicas ou que estejam relacionadas entre si, mas o tempo é curto, pra eu dividir entre o Blog, a Malu e a casa. E como eu administro isso aqui sozinha, me viro como posso pra organizar os textos. Criei esse espaço em fevereiro, então é pouco tempo pra transformá-lo em um 'Depois dos Quinze' da vida, né? Paciência comigo, pessoas! Um dia isso aqui melhora. Prometo :)

Sem rima

E eu achava que estava em paz, até me deparar com seu sorriso na rua.  Eu estava feliz, seguia uma vida normal.  Eu era a mulherzinha levando uma vida de casal.  Não respondia suas mensagens nem seus telefonemas.  Ouvir seu nome por aí já não era problema. Mas você me aparece do nada, com esse sorriso que me mata, finge que não vê, eu finjo não olhar.  Folheio uma revista tentando disfarçar.  Você chega por trás, puxa conversa e elogia minha aparência.  Logo agora que eu tô gravando mais um episódio de carência.  Agi naturalmente, mas hipnotizei na sua boca, enquanto falava. Memórias passadas invadiram meus pensamentos  E lembrei de quando você costumava dizer: queria te roubar para mim, só por um momento.  Eu estraguei tudo, te pedindo para ir. E você estragou tudo insistindo em ficar.  Você tem que ser tão lindo sempre? Sempre perfumado, sempre arrumado e tão sorridente? Eu precisei ir embora, sem olhar pra trás, Prometi a mim mesma que não me machucari

Um brinde a ela

Acordei mais cedo hoje pra te observar enquanto você dormia. De repente todo um filme passa pela minha cabeça. Você sempre foi minha melhor amiga, mesmo que eu nunca te contasse nada. Você sempre será minha melhor amiga, por mais que eu nunca vá te pedir conselhos. Eu cresci vendo você se virar como pode pra me dar tudo o que você nunca teve, mas eu era pequena demais pra reconhecer seus esforços. Agora eu cresci e você continua sendo a mesma pessoa. A melhor mãe e melhor pai. A melhor professora. A melhor irmã e tia. Queria poder te oferecer em dobro todas as coisas que você me deu. Você me apoiou no momento mais difícil e emocionante da minha vida, não saiu do meu lado por nada, mesmo ficando decepcionada. nunca vou esquecer disso. Até morar debaixo do seu teto com a minha família você deixou e sem cobrar nada em troca. Você deixa o café pronto pra mim todas as manhãs e a única certeza que eu tenho é que sem você eu não seria nada. Eu tento retribuir fazendo almoço todos os di