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Mostrando postagens de outubro, 2013
É que a gente se tornou um só faz tempo. Você não viu? Ninguém percebeu. Mas que amor é esse nosso, que ninguém ouve, ninguém vê? Alguém viu. Vi você. Mas a gente se tornou segredo também. Tudo bem. É que se contar, estraga.

Refeição

Pergunto-me como sabemos decodificar sentimentos. Eu sei, é chato ter que me ouvir falar sempre a mesma coisa, todas as vezes que nos encontramos. Mas dessa vez é diferente: estamos sozinhos na minha casa, pela primeira vez - sozinhos e na minha casa -, e eu tô sentada aqui, dividindo minha atenção entre saber interpretar sentimentos, saber quando aquele feijão no fogo vai estar pronto para ser servido, e como servi-los a você - o feijão e minha reflexão sobre sentimentos. Você sabe, eu nunca fui muito boa com feijões, na verdade, nunca fui boa na cozinha, mas a gente tenta. E também nunca fui boa em falar sobre sentimentos. Os feijões, por exemplo, eu nunca soube qual é o momento exato de retirá-los do fogo. Nunca soube a quantidade certa de tempero nem quais são os temperos certos, para que não fique exageradamente salgado ou terrivelmente insosso. Ah sim. O que tem a ver sentimento com os feijões? É que eu também nunca sei o momento certo para falar sobre o que eu sinto - e muitas

Fuga

Resolvi fugir hoje. Não fui tão longe, confesso. Sequer saí das proximidades do apartamento. "Apartamento", penso. E sorrio. Eu só preciso de um quintal, com árvores e grama aparada. Havia uma cadeira branca e desocupada na borda da piscina. Já era noite. Não fossem as três almas mergulhando e provocando um barulho pouco além do que eu já não precisava ouvir, seria o cenário tranquilizador perfeito. Saí com um vestido florido, que por pouco - muito pouco - não cobria por inteiro os meus pés descalços. Cenário perfeito seria no Largo, com suas construções magníficas. Poderia ficar sentada ali por horas, pensando em tudo e em nada. Imagino-me sentada num daqueles bancos da praça, enquanto tantos outros corpos caminham, e passam, e me olham e não me enxergam. Sou só mais uma entre eles. Mas tudo bem. Mal os vejo também. Não bate vento nem no Largo nem na borda da piscina. Aos poucos, iam se retirando. As águas, recém-tratadas, ficaram pacíficas. Meus pensamentos? Longe, com

Vôo 3543

Escrevo-te versos sem rimas. Dedico a ti trechos de livros onde sempre te encontro. Minha boca resseca por não ter um beijo teu. Meu corpo emagrece com a ausência que você faz. Espero-te na sala de embarque. Sem malas, sem maquiagem. Mastigarei o vão para espantar a ansiedade. Peço, por favor, que não demores. Carrego comigo somente livros e sonhos, para que sonhemos juntos e nos tornemos um só. Por que é tão difícil assim ter você pra mim?

Quarta-feira cinza

Desacreditava de tudo ouvindo o barulho da chuva. Eram duas da tarde, e todas as quartas, uma vez percebeu, chovia. Duas da tarde e ela ainda usava a mesma roupa que botou ontem à noite para sair. Não saiu. Mal dormiu. A madrugada era fria e os ossos doíam. O fêmur, o rádio e as têmporas. Acomodou-se numa poltrona de tecido gasto, com uma xícara de chocolate quente em mãos, vestindo meias coloridas e estampadas – pelo menos alguma coisa de cor em meio àquela vida gris que ela levava – e um cardigã rosa-bebê. Deixou a janela da sala entreaberta para entrar um pouco de ar e um pouco da chuva e um pouco de fé. Continuava desacreditada. Da vida, dos contos, das fadas e de tudo o que ela escrevia. Sofria com o tal complexo de inferioridade e achava-se insuficiente para tudo e todos. Não fumava nem bebia. Ficava tentada a fumar e a beber quando chegava em casa, sozinha, só para ter companhia. Companhia dos copos quebrados, dos livros espalhados e imagens espelhadas.  A sala toda continh

Vamo voltar?

Olha, eu acho que tá na hora de a gente voltar. Tá na hora de a gente tentar dar certo outra vez. Sabe, ainda tem muito de você aqui. No quarto, na sala, na minha cabeça, então... Tem um pouco de você nas cartas que guardei no fundo da gaveta, para que ninguém mais pudesse ler, nem eu mesma. Mas tem também um pouco de nós dois nas linhas dos textos que compartilho na Internet, daí todos leem e eu leio junto e leio outra vez, porque sempre acho que pode melhorar. Pode melhorar o texto e nossa relação que ficou bagunçada. Tão bagunçada quanto as roupas que você deixou no cesto de roupa suja, que estavam tão bagunçadas quanto tudo o que eu sentia e não sabia que sentia aqui dentro quando deixei você ir pela terceira vez. E é de vez, eu disse. E você foi. E deixou o cheiro do café exalando no corredor de casa e deixou o vidro do seu perfume exalando no meu travesseiro. E o meu travesseiro sente sua falta também, imagino. É que eu confidencio a ele a falta que você faz quando faz frio à

As melhores frases de 'A culpa é das estrelas'

Primeiramente, deixe-me explicar o POR QUÊ de eu não ter feito resenha desse livro até agora. Quem me conhece, sabe o-quanto-eu-sou-perdidamente-apaixonada por A culpa é das estrelas. Já li três vezes e agora tô prestes a ler mais uma vez. E não fiz a resenha dele até então, porque a) achei o livro tão fantástico, que simplesmente não quis dividir a história com vocês (hahaha) e b) porque não tem resenha que eu faça, que mostre o quanto ele merece ser lido por todas as pessoas do Universo (contradições).  Se você nunca leu ou ouviu falar (acho difícil, mas vai que né), deixe-me fazer um resumo sobre o que se trata: Hazel Graze tem 16 anos, é uma paciente terminal, que conhece Augustus Waters num grupo de apoio à crianças com câncer. Eles se apaixonam, são inteligentes, sarcásticos, vivem uma amizade e história de amor bem lindas e o câncer foi usado pra contar o amor dos dois de um ponto de vista diferente. É um livro emocionante (e eu to com medo de exagerar nos elogios). No f