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Mostrando postagens de junho, 2013

Destino.

Seu nome estava escrito no ticket da minha viagem. Você era meu único destino naquele momento. Eu ia até você, entregaria beijos embrulhados num lenço perfumado.  E uma caixa com um coração remendado. Você não me permitiu sair da esquina, quem dirá chegar ao aeroporto? Voltei para casa. A caixa ficou no caminho - alguém vai encontrar e vai cuidar do que tem dentro, talvez. E como é de praxe, acabei sozinha na minha cama, coberta por lençois amarrotados, dividindo o espaço com lembranças de quem não vi.

Medo

Acostumamo-nos com a presença um do outro. Com as palavras meio ditas e com as não ditas e com as ditas nas entrelinhas. Acostumamo-nos com esse quero-que-seja-mas-nunca-será que colecionamos aos poucos, um pouco a cada dia, seja por querer muito, por querer perto, querer sempre e nunca ter. E de repente, te perco de vista por umas horas, por alguns dias e os dias se arrastam. A mente imagina horrores, o coração padece só de imaginar junto e faço tempestades em copo de leite - o que tomo sempre antes de dormir. Na maioria das vezes, nada acontece. Logo, é tudo desnecessário. Volta a ser a doce ilusão de sempre, que me sustenta, que me acalenta, que me abraça antes de dormir. A ilusão de que me beijas e acaricias o cabelo, arranha-me as costas. Tudo isso sempre volta. Ainda assim, o ar falha quando não estás, seguro o choro, tranco o quarto, fecho as janelas, me escondo por debaixo das cobertas para que vejas como sofro sem você comigo. Mas não quero que ninguém me veja. Não quero dar

Paralelo

Liguei o chuveiro. Aumentei a temperatura. A água começou a cair e com ela veio o vapor. Realmente estava muito quente. Lavei os cabelos e deixei que a água fizesse seu percurso. Deixei que ela lavasse por si só cada parte do meu corpo, mas principalmente os pensamentos que tomavam conta de mim naquele momento. Tirei a sujeira, o pó, o resto das impurezas e a maquiagem borrada. A pele ardia, ficava vermelha, o vapor sufocava e eu não me importaria se chegasse a ferir; os pensamentos eram muito piores, provocam mais dor do que qualquer outra coisa. O peito estava apertado, querendo gritar, querendo um pouquinho só de atenção. Me encolhi no canto do banheiro, observando a água que caía e com ela, algumas lágrimas escorreram também. Sentada ali, sozinha, percebi como aquele minúsculo banheiro se tornara tão grande. Faltava alguma coisa. Faltava alguém. O vazio reinava e o silêncio provocava vozes na minha cabeça. E agora a água já queimava, mas eu não me importava, porque ela queimaria o

Talvez

Estive pensando... E talvez você pudesse me pegar no colo, novamente. Não lembro se já pegou alguma vez. É que eu sinto falta do teu abraço e talvez você sinta do meu - não lembro se já o abracei alguma vez. Mas é que agora tu me necessitas e me faço ausente. E um abraço seria a ponte que nos levaria do turbulento presente às memórias de um passado feliz. As coisas bem que poderiam ser diferentes, não?

Para registrar

Preciso de uma câmera que ninguém dá, mas tudo bem. Eu registraria seu despertar, com a cara amassada e o cabelo bagunçado. Registraria você entrando no banho, sem roupa mesmo, o que tem de errado? E depois registraria a frase que você sempre escreve para mim no vidro do box, que embaça com o vapor que vem do chuveiro. Colocaria no automático e registraria o momento em que entro no banho com você, com roupa de dormir ainda. Vai, pega uma toalha, que tenho que continuar. Mas antes deixa eu registrar um beijo nosso debaixo da água quente, através do vidro embaçado. Eu registraria você coando o café; depois, nós dois sentados debaixo da árvore no quintal, com os cachorros entre a gente, tomando café também. Registraria os cachorros, as bolachas espalhadas e as formigas vindo nos fazer companhia. E a árvore que nos concede um pouco de sombra. Mas é hora de trabalhar e, então, registro o momento em que você fica sério na frente do computador, escrevendo sua matéria e olhando os noticiá

DA INTERNET: Namore um cara que goste de cultura - Marcella Brafman

Namore um cara que aprecie cultura. Namore um cara que tenha alguns livros, DVDs e quadros pelo quarto. Um cara que te ensine coisas novas, cite alguns autores que você nunca ouviu falar e te faça pesquisar algo no Google.  Você deve encontrá-lo em uma livraria ou em um show da banda de amigos em comum. Encostado no bar comprando uma Heineken ou observando os quadros. Esse cara tem a energia leve e é muito fácil pousar os olhos sobre ele sem querer. Escute-o contar sobre as suas viagens e pensamentos mais estranhos. Namorar um cara que goste de literatura, música e escrita é voar junto com ele. Esse cara tem a imaginação fértil e sonha em explorar o mundo. Você também. Só não tinha encontrado ainda alguém que acompanhe tão perfeitamente os seus passos. Talvez ele goste de rock antigo. Los Hermanos ou é mais bossa nova. Ou seja um cara mais moderno e curta indie. Esse cara já foi vocalista de uma banda, guitarrista de outra ou toca violão sozinho no quarto. Talvez ele também saib

RESENHA: Proibida pra mim - Gustavo Reiz

Oi, gente! É com muita empolgação que venho escrever a resenha de hoje, que é do divertidíssimo livro Proibida pra mim , do Gustavo Reiz . E vou confessar: incorporei CADA PERSONAGEM! A 'trama' é típica de temporadas da Malhação, sabe? Sem contar que esse título me lembrou o Chorão e, logo, despertou minha curiosidade (não sei se teve alguma inspiração na música de mesmo nome, mas acredito que sim, já que envolve música e rock e tal). Mas o fato é que eu adoro romance, se for adolescente, então, melhor ainda! Eu ri MUITO, chorei pouquinho (é lei!), mas foi de inveja porque eu AINDA ACREDITO que vou me apaixonar por um cara que toca violão e vai fazer uma música pra mim, assim como no livro. Não? Tudo bem #desilusões. Vamos à resenha: o livro conta a história do romance proibido entre os adolescentes Pedro e Lia. Ele, compositor da banda Os Infiltrados, filho da compreensível Simone e do ocupadíssimo Ricardo, e amigo de Ogro, Rafa, Japa e Arthur - todos são umas figuras,

Eu não quero estar certa

Isso deveria ser errado. Eu sonhar com ele todos os dias. Não sonho à noite, se sonho não lembro e prefiro sonhar durante o dia mesmo. Mas imagino-o aqui e desejo que ele estivesse aqui, comigo. E não é de hoje e não sei como foi. Mas agora é assim e deveria ser errado. Cada palavra que ele escreve, o modo como se refere a mim – será tudo verdade? – e eu acredito em cada vírgula. Deveria ser errado, já que nem ao menos posso vê-lo nem ouvi-lo e ainda assim o quero para mim. E somente para mim. E nem sei como deve ser o lado de lá, o que se passa no interior dele, mas ele faz com que eu o deseje antes de dormir e acorde esperando por um único e pequeno sinal de que pensa em mim também. Sentada aqui no piso frio, com uma música ao fundo, de uma banda que mal conheço, eu gostaria que ele estivesse me abraçando – ao som dessa música. Aqui no chão frio.  Eu queria passar minha boca em cada parte do corpo dele. E queria tocá-lo e senti-lo. E eu sinto, às vezes. Mas eu estou de olhos fe

All we need

Eu não preciso de muita coisa. Coloca o pen drive na televisão, escolhe a pasta com nossos arquivos (‘Eu e Ele’), deixa que as músicas fiquem tocando no aleatório e deita aqui comigo. Abre a janela pra gente deitar na cama olhando o céu azul, através do vidro ou deixa a janela fechada mesmo, liga esse ar-condicionado e prepara as cobertas pra eu te abraçar. De um jeito ou de outro você é minha melhor companhia, no calor ou no frio, perto ou longe. E eu prefiro você me abraçando por trás e me puxando pra dançar. E eu prefiro você pulando em cima de mim quando eu to dormindo e me puxa pra perto e conta histórias. Ainda que eu esteja meio acordada, meio adormecida. E eu prefiro você lendo na varanda com aquele cigarro horroroso e fedorento, que me dá alergia, mas te observo de longe. E eu prefiro quando você traz comida pra mim do supermercado, porque você odeia supermercado, mas traz comida sem eu pedir e até sorvete, se duvidar. E eu preciso só de você mesmo.