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Mostrando postagens de setembro, 2013

História pra Malu dormir

Certo dia, a caminho de uma cidadezinha no interior de Manaus, a menina Malu ouviu a seguinte história:   - Era uma vez, uma princesa chamada Malu. Ela adorava fotografar e decidiu meter o pé na estrada. Ela apanhou sua câmera e encheu a mochila de livros, cadernos, canetas (ela gostava muito de canetas), alguns mantimentos e sonhos. A princesa dirigiu pela estrada coberta de nevoeiro e fotografou alguns riachos e algumas crianças que por ali passavam, acompanhadas de suas mães, irmãos ou cachorros. Ela fotografou algumas árvores de galhos secos e começou a ganhar inspiração para contar algumas histórias. Resolveu estender uma toalha de piquenique embaixo de uma mangueira descarregada de frutos e pôs-se a escrever. A princesa Malu escrevia muito bem! Escreveu tanto que dormiu. Mas a menina Malu não dormiu ouvindo aquela história. Ela ficou irritada e chorou o resto da viagem.

Sobre a vida real

Bem... Eu realmente não sei como começar. Há semanas recuso a aceitar a (minha) vida como ela é, de fato. Existe um lugar - na verdade, ele não existe - onde tudo o que acontece é mais prazeroso. Esse lugar existe quando encontro-me sozinha, ou quando estou submersa em minhas leituras, ou viajando numa terceira dimensão através do meu fone de ouvido. Há semanas minhas fantasias tornaram-se frequentes, desviando minha atenção da realidade. Perdi o foco (a força e a fé, também). Anseio por sonhos que, aparentemente, serão apenas sonhos, tanto agora, quanto amanhã ou depois, ou daqui a cinco ou dez anos. Deixei de aceitar a realidade, porque me perdi nas minhas próprias histórias inventadas. Acontece que, obrigatoriamente, preciso desassociar o imaginário do real, vez ou outra. E então bate a amargura, o medo. Bate a solidão e a tristeza por perceber que minhas metas estão distantes. Bate nostalgia de um passado bom, que vivi ocasionalmente e não mais irá voltar. Fico frustrada quando pe

O oi e o adeus.

Ela apareceu numa noite fria e qualquer. Tinha acabado de chegar de viagem, vinda de outro estado. Por causa de conhecidos em comum, eu a conheci. E ela chegou tímida, com o olhar carregado de inocência, medo e curiosidade. No começo, falava pouco e falava baixo. Quase não largava o celular e sorria sozinha com os textos que apareciam na tela. E a cada sorriso, eu comecei a querê-la para mim. Queria tomá-la em meus braços e acariciar sua pele e seus cabelos.  No primeiro cumprimento que fizemos, logo na primeira noite em que a busquei no hotel, abraçou-me forte. E eu pude sentir o perfume que vinha de sua nuca. Ela abraçava forte toda e qualquer pessoa que eu lhe apresentava. E distribuía seu sorriso e olhar cativante. Levei-a para passear em alguns cantos da cidade, visitar novos lugares - ela já havia preparado uma lista de lugares para visitar, na verdade - e dentro do carro esquecia-se da timidez. Deliciava-se com as músicas que eu colocava e que ela, até então, nunca havia esc

Monocromático sépia

A tristeza parece infinita sim. Sinto-me incompleta e nada me agrada. Vejo-me perdida e o único caminho que eu gostaria de seguir está bloqueado. Preencho-me com a falta de vontade. Preencho-me de vazio. Folhas de papel tornaram-se companheiras, mas permanecem limpas. Os pensamentos são muitos. Lágrimas também. Recito ao invés de escrever - parece mais real. Declaro-me em vão e a declaração se desfaz ao vento. Definitivamente, desconheço meus anseios. Fico submersa nesse vazio. E os meus dias têm sido assim: monocromáticos.

Eu prefiro

Tuas covinhas. Tua barba. Teu sorriso. Tua boca. Teu perfume. Tua companhia. Teu violão. Teu carro. Teu quarto. Teus textos. Tuas canções. Tua mão na minha. No meu cabelo. Teu corpo no meu. Tua voz. Eu prefiro morar com você. Viajar à noite e fugir contigo. Dormir na praia, observar estrelas. Tomar banho na chuva, no mar e no rio. Prefiro. Fotografar teu sono. Tua raiva. Teu ciúme. Tuas piadinhas bobas. Prefiro que você me balance no balanço do nosso quintal. O nosso balanço na rede. Prefiro teu café e teu cafuné. Prefiro teu número de celular, que tem um dígito a mais que o meu. DM. Prefiro eu aí. Prefiro você perto e comigo. Prefiro dizer acordei-pensando-em-você do que dizer. Gosto de você e. Te amo.  Prefiro dormir e acordar com. Você eu prefiro. Nós dois.

Porque eu gostei de você

Eu gostava da forma como nós acordávamos juntos. Da tua cara amassada, do teu sorriso torto e das tuas palavras que costumavam enfeitar a caixa de entrada do meu celular, todas as manhãs. Eu gostava da forma como você contava histórias e dos teus sonhos sempre tão exóticos, cobertos de imaginação e de como eu também começava a (me) imaginar com você. Gostava da tua mão e ainda gosto da tua cadela. Eu gostei de você, porque você foi o único que me fez achar que barba é uma coisa atraente e bonita, porque você é bonito e atraente. Acho. Eu gostei de você, porque contigo eu aprendi a gostar das pessoas pelo o que elas são (e dizem), e não da aparência que elas carregam. Sim, isso é uma contradição. Como é a sua aparência mesmo? Como é a sua voz? Eu gostei de você, porque você me ganhou sem fazer esforço nenhum, sem tentar me impressionar (só irritar). Gostava da forma como você me irritava e dos apelidos carinhosos que a gente foi inventando, que se tornou coisa particular nossa. Só minh

Insanidade (senti)mental

Meu travesseiro tem um pouco de você. Meus pensamentos projetam tua imagem, um esboço qualquer, um vulto, uma vinheta desconhecida e bela. Os livros que eu leio têm referência sua, nossa e das coisas que a gente diz, ou que eu gostaria de dizer, mas você nunca leva a sério e então eu não digo mais. Sabe quantas vezes eu já tentei desassociar a tua vida da minha? Nem eu. Perdi a conta e eu só sei contar até três. Eu, você e mais alguém que completa a gente. Eu sei, eu to enlouquecendo mesmo. Enlouqueci gradativamente, sem esforço nenhum. Eu abordo desconhecidos na rua pra falar de outro desconhecido. A história fica pela metade, porque eu não pretendo terminá-la. Eu não to nem aí se você não quer me ver, mas semana que vem tô me mudando pra sua rua pra gente ser feliz.