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Mostrando postagens de setembro, 2012

A Ju, o Beto e a chuva.

Era manhã de uma segunda-feira qualquer. Tinha tudo para ser a mesma monotonia de sempre, mas o dia por si só já havia começado diferente: ao contrário do calor habitual e o Sol escaldante de todos os dias, nuvens escuras tomavam posse do céu; logo uma tempestade cairia. O vento soprava sereno e um friozinho gostoso pairava pelo pequeno apartamento. Não fosse a energia, que foi embora assim que a chuva se fez presente, tudo estaria perfeito. O computador anunciava bateria fraca, então ela o conectou ao no-break  para aproveitar o restante de bateria ouvindo música. Coldplay. Agridoce. Adele. Jack Johnson. Enquanto a playlist reproduzia aleatoriamente uma a uma das músicas, ela pegou um bloco de papel e uma caneta, sentou-se próximo à janela e observou a chuva que escorria pela vidro e banhava as árvores na calçada do prédio. De repente, alguém bate à porta. Não tinha energia, logo a campainha não funcionava. E ela ainda não havia mandando instalar o tal do interfone. Perguntou, em

Consertos, desconsertos, confusões. Ilusões.

Eu me tornei a metade vazia daquilo que meu próprio corpo desconhece. Eu me tornei extrema solidão de afins e o desconserto de uma carência em demasia, que chega a dar dó. Sufoco-me em palavras não ditas, em atitudes interrompidas e no vento que sussurra tua voz. Ignoro o cheiro da brisa que me empurra pra longe disso que me faz mal. Te encontrei no meio do caminho e fiz de ti a minha saída, a válvula de escape que me tiraria do abismo. Mas você me deixou pendurada em galhos secos, de ponta a cabeça, enquanto tudo girava ao meu redor. Você fugia para eu não ter que me acolher embaixo das tuas asas e eu me encontrei sozinha em prantos. Eu não exigi nada além da tua amizade, embora meu coração ingênuo estivesse confundindo sentimentos. No meio da madrugada eu não precisaria nada além de palavras que me roubassem um sorriso frouxo, mas você me abandonou no meio da conversa. Alegrei minha alma e a enchi de falsas esperanças sempre que você chegava trazendo carinhos. Você quis ser meu amig

A novela

Finalmente te puxei pra perto, mas a novela tá só começando. Eu não me aguentava mais de agonia ao te ver passar me olhando. Eu quis te olhar de perto e vi teu sorriso bem perto do meu. Eu quis ouvir tua voz e, de quebra, ganhei tua história contada em melodia. Baguncei teu cabelo sem nunca ter te dado um aperto de mão. Mas eu era só uma criança perto da pureza que é tua companhia.  Você me fazia ficar à vontade quando minha bochecha corava em timidez. Enquanto eu flertava contigo por conversas em pedaços de papel, você já havia preparado cartazes com mil declarações. Eu só queria tua amizade e você me deu carinho em forma de amor. Tô te esperando na beira da calçada pra gente contar histórias repetidas, pra desenhar memórias do que nós ainda nem fomos. Você some. Eu te penso e você aparece, como que atraído pela força do meu pensamento. Você ainda é só um menino. Mas eu não quero que você se afaste, porque agora eu que vou cuidar de ti. Você passou a mão no meu cabelo e me ouvi

Solitudine

Estava decidida a encontrar outro amor. Empolgada, me perdi no primeiro olhar cruzado na esquina, na primeira frase carinhosa, no primeiro sorriso lindo e qualquer outra coisa que me desse a impressão de estar apaixonada de novo. Perdi a vergonha e me propus a ser uma pessoa sem escrúpulos. Esqueci os ensinamentos de minha mãe e não me importei em parecer mais umas dessas meninas que se apaixonam todos os dias por um novo 'amor'. No começo eu gostei. Nada mais me fazia lembrar de você, mesmo que nossos amigos continuassem falando no teu nome, se referindo a mim e a você como 'vocês'. Não tem mais vocês, ou nós, ou um casal. Eu aproveitei enquanto pude. Gastei todas minhas energias em botecos baratos e me atrevi a experimentar outras substâncias. Mas aí lembrei que um dia vou doar meus orgãos, então eles precisam estar em ótimas condições de uso. Uma pena que meu coração esteja absurdamente gasto e cheio de feridas. Seria egoísmo doá-lo no estado em que ele se encont

Era uma vez o amor

Você foi o meu amor de verão mais longo e bonito. Era uma tarde ensolarada, que clamava por um passeio no bosque acompanhado de sorvete. Em meio a tantas fotos de crianças e cachorros, meu zoom alcançou você. Inventei qualquer desculpa para uma breve aproximação e você entrou no meu jogo. A princípio, os dois jogaram e não houve empate. Nós dois saímos ganhando. Eu detestava ir à praia, mas gostava de ver a forma como você e ela se davam bem. Teu corpo bronzeado era só um detalhe. Eu gostava da tua companhia e do bem que ela fazia à minha saúde emocional. Você nunca me fez bem. O amor é uma coisa gostosa, mas que não faz bem. É uma espécie de droga, que você experimenta e te deixa capaz de cometer as maiores loucuras, adrenalina à mil. Quando o efeito passa... Bem, você sabe como o corpo e o coração da gente fica depois do efeito dessa droga de amor. Vieram as outras estações e nós mantínhamos o mesmo calor da época de verão. Água de coco nenhuma era suficiente pra me hidratar quan

Bipolaridade

Coração apertado. Estômago embrulhado. Falta de atenção. Você na cabeça. Los Hermanos. Maria Gadú. Música triste. Lágrima escorrendo. Rabiscos no caderno. Fotos no celular. Desabafo com os amigos. Sair para dançar. Beber para esquecer. Chegar em casa e lembrar tudo de novo. Dormir sozinha. Abraçar o travesseiro. Rever fotos no computador. Conhecer gente nova. Flertar com um menino bonito. Lembrar de você. Colocar a aliança no dedo. Tirar a aliança do dedo. Discar teu número. Não chamar. Te ver. Tentar um beijo. Desistir do beijo. Querer-te longe. Querer-te perto. Confusão. Indecisão. Arrependimento. Alívio. Ciúme. Raiva. Carência. Lembranças. Passado. Pensamentos. Texto novo. Casal apaixonado. Gente casando. Eu com inveja. Eu feliz por eles. Triste por mim. Por nós. Tô chata. Volta? Não. Fica aí mesmo. Me liga. Me procura. Sinta minha falta. Não quero voltar. Não quero te dividir. Não fica com ninguém. Seja feliz. Comigo. Sem mim. Outro dia e lá vem você. Mas eu não lembro mais.

Long Live

A minha vontade era te dar um beijo bem dado. Era olhar no teus olhos e dizer que foi tudo uma brincadeira para testar você e a potência do teu 'gostar' e relação a mim. Mas me mantive firme. Por fora. Por dentro eu estava desmoronando e desabei mais ainda quando vi que no fundo você também sentiria falta do que nós fomos. Ou nem chegamos a ser. Eu te deixei ir, mas ainda sinto você como propriedade minha. Ninguém pega nem chega perto. Ilusão. Já tomaram você de mim e não há tempo para arrependimentos. Você segurou minha mão e isso aumentava ainda mais minha esperança. Nós conversamos e rimos como não fazíamos há muito tempo. Isso me dá a certeza que longe ficamos melhor. Melhor, não. Ficamos bem. Mas a cama não vai ter mais o mesmo conforto sem você do lado. O café da manhã não vai ter a mesma alegria. Os filmes de terror -nem tão aterrorizantes assim- vão se tornar assustadores, enfim. Há tempos essa sensação de perda não embrulhava meu estômago. E até dor nas costas me d

Você para chamar de minha

Vem, menina. Traz teus olhos bonitos para perto do meu e continua com esse sorriso bobo como nas vezes em que me viu passar. Já percebi tua bochecha vermelha de tanta timidez e eu acabo ficando bobo e ruboresço também. Mas é de alegria. De adentar a sala e te ver sentada, acariciando teus próprios cabelos negros e longos. De sair e, por coincidência, te encontrar no corredor. Vem, menina. Traz esse caderno na minha mesa e me deixa ler o que tanto tu rabiscas nele. Traz tua cadeira aqui para perto da minha, porque a gente não combina em direções opostas. Outro dia tive a leve impressão de que tu estavas a me fotografar. Fiquei sem graça, mas fiquei feliz. Porque enquanto você fotografa, eu te desenho. Vem e traz para perto de mim esse teu perfume que me pertuba e invade os minutos que antecedem meu sono. Fala comigo, menina, e deixa-me ser teu amigo. Larga esse celular e descansa teu olhar na direção do meu. Vem. Quebra esse gelo do teu coração. Me dá uma última chance para ver t

Amizade em preto e branco

De repente, eu me pego escrevendo todos aqueles versos caretas de músicas, trechos de poemas e parágrafos de livros de romance. De novo. Eu quis puxar tua carteira pra mais perto e agir como tua melhor amiga. Quis pegar teu caderno e rabiscar meu nome em cada parte da última folha. E a cada dia eu preciso mais e mais da tua companhia. As pessoas pensam que quero um namorado, dizem que tô apaixonada e que eu sou legal. Eu fico insuportavelmente chata quando gosto de alguém. Minha mãe me conhece e sabe que é só uma paixonite adolescente, que logo logo isso passa. Enquanto isso, te chamo pra tomar um café e tirar fotos. Você é fotogênico. E lindo. Peço para que escrevas qualquer coisa e encaixo num desses meus textos, só pra ter um pedaço de você naquilo que já é parte de mim. Depois transformo em tatuagem e te gravo em forma de poesia. Não me pergunte o significado dessas outras espalhadas pelo meu corpo; você descobriria que não foi o primeiro. Mas cada envolvimento com uma pessoa d

POST ESPECIAL: Surpresa da Irmã/Madrinha

“As pessoas mais felizes não tem as melhores coisas, elas sabem fazer o melhor das oportunidades que aparecem em seus caminhos” Clarice Lispector Alaiza ou Lalá Hoje acordei pensando em você, fiquei até com medo porque isso é raro, MAS deu vontade de escrever pra ti, como eu tenho preguiça de pegar uma folha e escrever, resolvi digitar e passar por aqui. Faz tempo que não te escrevo né?! Nem lembro a última vez, mas enfim, queria dizer que preciso de você, achei que não já que brigamos tanto, mas saiba que você faz falta.  Às vezes chego do colégio e quero conversar com alguém, brigo com Caio e preciso de conselhos, mas quando abro a porta do quarto você não está lá escrevendo na sua agenda e ouvindo LH. Hoje fiquei deitada lembrando de nós duas, lembrei do dia que escondi tua bolinha de papel e você me bateu, das nossas brincadeiras tentando simular o ‘passa ou repassa’ e do jeito divertido que foi ver você imitar o Cebolinha todas as noites. Me peguei sentindo

Carta impossível

Você sabe que escrever cartas nunca foi -nem nunca será- minha praia. Durante todo esse tempo em que estivemos juntos, lembro-me de ter escrito apenas uma carta pra ti. Não sei o motivo pelo qual tô te escrevendo essa outra, mas eu senti uma necessidade grande de esclarecer algumas coisas. Antes de mais nada, saiba que não quero te comover com nenhuma palavra que vou escrever aqui. A tua decisão já foi tomada, embora tenha sido -na minha opinião- precipitada. Perdoe-me meus erros de português. Eu nunca fui romântico e isso nem deveria ser banal, mas você insiste em querer ler para mim esses poeminhas ridículos. Eu detesto teus vícios tecnológicos e sempre fiz questão de deixar isso bem claro, mas você insiste em querer me mostrar compartilhamento de fulano ou ciclano no Facebook. Eu não gosto das músicas que tu costumas ouvir e muito menos da tua tentativa de cantar músicas em Inglês, assim como você não gosta que eu ouça forró no último volume dentro do carro. Mas eu ouço e te agu