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Paralelo

Liguei o chuveiro. Aumentei a temperatura. A água começou a cair e com ela veio o vapor. Realmente estava muito quente. Lavei os cabelos e deixei que a água fizesse seu percurso. Deixei que ela lavasse por si só cada parte do meu corpo, mas principalmente os pensamentos que tomavam conta de mim naquele momento. Tirei a sujeira, o pó, o resto das impurezas e a maquiagem borrada. A pele ardia, ficava vermelha, o vapor sufocava e eu não me importaria se chegasse a ferir; os pensamentos eram muito piores, provocam mais dor do que qualquer outra coisa. O peito estava apertado, querendo gritar, querendo um pouquinho só de atenção. Me encolhi no canto do banheiro, observando a água que caía e com ela, algumas lágrimas escorreram também. Sentada ali, sozinha, percebi como aquele minúsculo banheiro se tornara tão grande. Faltava alguma coisa. Faltava alguém. O vazio reinava e o silêncio provocava vozes na minha cabeça. E agora a água já queimava, mas eu não me importava, porque ela queimaria o que tanto incomodava, acreditava eu. Mero engano. Levantei, desliguei o chuveiro e tudo ainda permanecia a ecoar. Me enrolei na toalha quente e botei um sorriso no rosto ao abrir a porta do banheiro e sair. Era meu universo paralelo. A tristeza aqui dentro, felicidade disfarçada por fora. Ninguém entenderia. Ninguém tinha porque saber, nem o que saber. Era uma luta diária. Minha com meus inimigos internos.

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