Pular para o conteúdo principal

Paralelo

Liguei o chuveiro. Aumentei a temperatura. A água começou a cair e com ela veio o vapor. Realmente estava muito quente. Lavei os cabelos e deixei que a água fizesse seu percurso. Deixei que ela lavasse por si só cada parte do meu corpo, mas principalmente os pensamentos que tomavam conta de mim naquele momento. Tirei a sujeira, o pó, o resto das impurezas e a maquiagem borrada. A pele ardia, ficava vermelha, o vapor sufocava e eu não me importaria se chegasse a ferir; os pensamentos eram muito piores, provocam mais dor do que qualquer outra coisa. O peito estava apertado, querendo gritar, querendo um pouquinho só de atenção. Me encolhi no canto do banheiro, observando a água que caía e com ela, algumas lágrimas escorreram também. Sentada ali, sozinha, percebi como aquele minúsculo banheiro se tornara tão grande. Faltava alguma coisa. Faltava alguém. O vazio reinava e o silêncio provocava vozes na minha cabeça. E agora a água já queimava, mas eu não me importava, porque ela queimaria o que tanto incomodava, acreditava eu. Mero engano. Levantei, desliguei o chuveiro e tudo ainda permanecia a ecoar. Me enrolei na toalha quente e botei um sorriso no rosto ao abrir a porta do banheiro e sair. Era meu universo paralelo. A tristeza aqui dentro, felicidade disfarçada por fora. Ninguém entenderia. Ninguém tinha porque saber, nem o que saber. Era uma luta diária. Minha com meus inimigos internos.

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

As melhores frases de Will e Will (John Green e David Levithan)

Esse livro é sensacional! E eu poderia listar N motivos que me fizeram devorá-lo em três dias, que pra mim ainda foi muito , mas vou dizer só alguns: a) serviu de consolo por eu ter me decepcionado com Quem é você, Alasca? (fiquei tão desapontada, que abandonei o livro na metade. Não gostei. Me julguem); b) Me identifiquei com o Will gay por ele ter um namorado virtual (mas o meu existe. Acho. Brincadeirinha, existe sim); c) Eu tenho amigos gays tão divertidos quanto Tiny Cooper (o melhor amigo do Will hétero ) e quero que eles também leiam esse livro; d) Tem comparações, frases, metáforas tão inteligentes quanto em ACEDE (ou A culpa é das estrelas , para os leigos a propósito, eu chorei rios quando assisti o filme, e vocês? ). Aí você deve tá se perguntando "como assim Will gay e Will hétero, Alaiza?". Bem, é que Will Grayson, Will Grayson (título original) conta a história de dois garotos com o mesmo nome, porém um é gay e o outro é o melhor amigo de um super gay...

RESENHA: Proibida pra mim - Gustavo Reiz

Oi, gente! É com muita empolgação que venho escrever a resenha de hoje, que é do divertidíssimo livro Proibida pra mim , do Gustavo Reiz . E vou confessar: incorporei CADA PERSONAGEM! A 'trama' é típica de temporadas da Malhação, sabe? Sem contar que esse título me lembrou o Chorão e, logo, despertou minha curiosidade (não sei se teve alguma inspiração na música de mesmo nome, mas acredito que sim, já que envolve música e rock e tal). Mas o fato é que eu adoro romance, se for adolescente, então, melhor ainda! Eu ri MUITO, chorei pouquinho (é lei!), mas foi de inveja porque eu AINDA ACREDITO que vou me apaixonar por um cara que toca violão e vai fazer uma música pra mim, assim como no livro. Não? Tudo bem #desilusões. Vamos à resenha: o livro conta a história do romance proibido entre os adolescentes Pedro e Lia. Ele, compositor da banda Os Infiltrados, filho da compreensível Simone e do ocupadíssimo Ricardo, e amigo de Ogro, Rafa, Japa e Arthur - todos são umas figuras, ...

RESENHA: Extraordinário - R.J. Palacio

Extraordinário é um livro muito bom! Muito mesmo. Fiquei feliz que ele tenha conseguido prender minha atenção, porque logo no começo achei meio entediante e fiquei com medo de abandonar a leitura. Mas ele traz uma mensagem muito bonita e se eu tivesse que classificar de uma a cinco estrelas, eu marcaria quatro estrelas.  SINOPSE: August (Auggie) Pullman nasceu com uma síndrome genética cuja sequela é uma severa deformidade facial, que lhe impôs diversas cirurgias e complicações médicas. Por isso ele nunca frequentou uma escola de verdade... até agora. Todo mundo sabe que é difícil ser um aluno novo, mais ainda quando se tem um rosto tão diferente. Prestes a começar o quinto ano em um colégio particular de Nova York, Auggie tem uma missão nada fácil pela frente: convencer os colegas de que, apesar da aparência incomum, ele é um menino igual a todos os outros. Confesso que fiquei irritada com o Auggie no comecinho do livro, porque ele reclama do jeito como as pessoas olham pr...