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Medo

Acostumamo-nos com a presença um do outro. Com as palavras meio ditas e com as não ditas e com as ditas nas entrelinhas. Acostumamo-nos com esse quero-que-seja-mas-nunca-será que colecionamos aos poucos, um pouco a cada dia, seja por querer muito, por querer perto, querer sempre e nunca ter. E de repente, te perco de vista por umas horas, por alguns dias e os dias se arrastam. A mente imagina horrores, o coração padece só de imaginar junto e faço tempestades em copo de leite - o que tomo sempre antes de dormir. Na maioria das vezes, nada acontece. Logo, é tudo desnecessário. Volta a ser a doce ilusão de sempre, que me sustenta, que me acalenta, que me abraça antes de dormir. A ilusão de que me beijas e acaricias o cabelo, arranha-me as costas. Tudo isso sempre volta. Ainda assim, o ar falha quando não estás, seguro o choro, tranco o quarto, fecho as janelas, me escondo por debaixo das cobertas para que vejas como sofro sem você comigo. Mas não quero que ninguém me veja. Não quero dar notícias por algum tempo, posso? Também quero você para mim hoje, amanhã e depois. Ela também quer. Ela deseja a ti tanto quanto eu. E eu não sei dividir, não sei competir. No fundo, é medo de perder. Sempre perco. Perco o que nunca ganhei, o que nunca será meu - por direito?-, mas que, mesmo assim, achei que possuía. Talvez tu prefiras ela a mim, e também tenho medo disso. Pela forma como se referes a ela quando conversamos e por eu me sentir obrigada a disfarçar que torço para que dê certo, um dia. Eu só quero que cuidem de você. Ficarei alimentando essa coisa toda que construímos juntos - esse sentimento que me permiti sentir -, e que, sinceramente, poderia ter ficado adormecido lá atrás, onde tudo começou. Veja bem, isso machuca. É só por isso que falo essas coisas. Porque machuca. Machuca, mas é uma dor boa de sentir, então não quero que te afastes, que a gente termine, que me troques e que a aceite. Pelo menos, por enquanto. É tudo questão de tempo, até eu acordar e perceber que você não passou de um sonho. 

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