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O oi e o adeus.

Ela apareceu numa noite fria e qualquer. Tinha acabado de chegar de viagem, vinda de outro estado. Por causa de conhecidos em comum, eu a conheci. E ela chegou tímida, com o olhar carregado de inocência, medo e curiosidade. No começo, falava pouco e falava baixo. Quase não largava o celular e sorria sozinha com os textos que apareciam na tela. E a cada sorriso, eu comecei a querê-la para mim. Queria tomá-la em meus braços e acariciar sua pele e seus cabelos. 

No primeiro cumprimento que fizemos, logo na primeira noite em que a busquei no hotel, abraçou-me forte. E eu pude sentir o perfume que vinha de sua nuca. Ela abraçava forte toda e qualquer pessoa que eu lhe apresentava. E distribuía seu sorriso e olhar cativante. Levei-a para passear em alguns cantos da cidade, visitar novos lugares - ela já havia preparado uma lista de lugares para visitar, na verdade - e dentro do carro esquecia-se da timidez. Deliciava-se com as músicas que eu colocava e que ela, até então, nunca havia escutado. Até que ela conectou seu celular ao cabo USB do meu rádio e começou a cantar efusivamente as músicas que eu não estava habituado a ouvir. E, cara, tinha de tudo: funk, pop, sertanejo... Agora imagina um rockeiro feito eu ouvindo músicas desse tipo!

E sabe de uma coisa? Eu não me importava.

Eu achava graça e achava lindo tudo o que vinha dela. Das músicas às fotografias. A risada tímida e a exagerada. O olhar dela na minha direção, enquanto me ouvia contar histórias ou então quando eu dirigia. Eu gostei do livro que ela trouxe na mala e me emprestou para ler, mas não li, porque eu só tinha olhos e tempo para ela. E à medida em que o tempo passava, era um dia a menos com aquela agradável companhia. Logo ela iria embora e levaria meu coração junto. 

Ainda assim, dediquei canções. Usei meu violão para ganhar aquela mulher pra mim. Ganhei seus beijos, mas não ganhei seu coração; ele já tinha dono. Ganhei alguns versos também, que estão rabiscados naquela agenda que ela carrega pra todo lugar. Você já reparou nisso? Já reparou nas coisas que ela costuma escrever? Você sabe que ela escreve, não sabe? Senti paz quando ela aninhou-se ao meu peito, pela primeira vez. E perdi o chão quando ela teve que ir pra longe de mim. Era noite, estava chovendo e nós estávamos dentro do carro, ouvindo John Mayer. E sim, eu lembro perfeitamente bem. Chegou a hora.

Juro que eu quis impedí-la. Minha vontade era abraçá-la forte como da primeira vez, até ela perder o vôo. Quis entrar naquele avião e partir junto com ela. Mas eu precisei conter meus impulsos e contentar-me com as lembranças que ficaram de nós dois e dos poucos dias em que alguém me fez tão feliz. Foi efêmero e intenso. Eu sei que o amor dela pertence a você, meu velho. E eu só tô escrevendo para pedir que cuides dela e que não a deixe pegar mais nenhum avião. Escrevo para pedir que a deixe cantar quando ela sentir vontade, porque a voz dela já é a própria melodia e é impossível não se sentir atraído. Faça com que ela sorria, rapaz, porque o sorriso dela é o melhor retrato que alguém pode querer guardar. Eu guardei.

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