Ler ao som de Quelqu'un m'a dit - Carla Bruni
Acordei e lá fora o céu amanhecia lentamente. A cama era espaçosa. Lençois brancos cobriam minha pele nua. As enormes janelas estavam entreabertas permitindo uma passagem de ar frio. As cortinas voavam livremente pelo quarto - pude perceber à medida em que fui abrindo os olhos lentamente. Esfreguei os olhos e espreguicei o corpo tentando me lembrar da noite passada. Levantei-me em direção à janela, levando junto a mim o lençol branco. A neblina cobria o semi-amanhecer. Os pássaros cantavam baixinho, sem querer incomodar. Cheiro de lavanda perfumava a suíte e então ouvi o barulho do chuveiro vindo do banheiro. Meu coração disparou: ele realmente estava ali. Olhei ao redor e haviam flores vermelhas sobre o criado-mudo ao lado da cama. Meu celular estava na poltrona encostada na parede paralela à janela; devia estar descarregado. Meu vestido azul e o restante das nossas roupas estavam espalhadas pelo chão. Esbocei um sorriso e fechei os olhos para sonhar um pouco mais. De repente começou a tocar Quelqu'un m'a dit. Senti os passos dele se aproximando de mim. Não me virei para olhar e o coração acelerou um pouco mais.
Chegou por trás com o corpo ainda molhado e afastou os cabelos que caíam sobre minha nuca. Beijou-me lentamente até alcançar minhas orelhas. "Você está linda", sussurrou. Hesitei em abrir os olhos; e se fosse sonho? Me virei para ele. Lindo como a névoa lá fora, com um sorriso que me chamava para perto, o torso enrolado numa toalha felpuda e vermelha, e algumas gotas de água escorrendo desde os cabelos até sumirem em seu peitoral. Nossos olhos encontraram-se e passei minha mão em seu rosto. Ele fechou os olhos sentindo meu toque, segurou minhas mãos e as beijou. Sorri timidamente quando ele voltou a me olhar e tentei esconder o rosto com o lençol. Ele me impediu, chegando mais perto, me puxando para si e então me abraçou forte. Foi um abraço de saudade, por tanto tempo perdido - misturado com um abraço de alívio por enfim estarmos perto um do outro. Pedi que esperasse um instante e fui ao banheiro.
Lavei o rosto, escovei os dentes e percebi que meus olhos possuiam um brilho que há muito tempo eu não via. Pelo espelho pude ver uma camisa dele esquecida no canto do box e me vesti com ela. Abandonei o lençol no banheiro e voltei para a enorme e elegante suíte. A música havia parado; coloquei para tocar novamente.
Vestindo apenas um calção, ele estava sentado na beira da cama, vendo as fotos da minha câmera - fotos minhas, dele e de mais alguns desconhecidos que encontrei no caminho. Cheguei por trás, envolvi meus braços pelo seu corpo e beijei sua nuca e parte de suas costas. Ele largou a câmera e acariciou meus braços, envolvendo seus dedos nos meus, apreciando de olhos fechados o toque da minha boca. "Bom dia", eu lhe disse finalmente, ao pé do ouvido. "Bom dia". Virou-se para mim e me deitou na cama inesperadamente. Seu corpo ficou sobre o meu e seus olhos me fitaram por um uns minutos. Eu queria pular de felicidade, queria beijá-lo incansavel e infinitamente, mas apenas retribui seu olhar, desviando a atenção para sua linda boca, cercada pela barba recém-crescida. Ele beijou meus olhos, a ponta do meu nariz, meu queixo. Beijou o pescoço novamente. Senti suas mãos passearem por minhas coxas, apertando-as, enquanto meus dedos passeavam por entre os fios do seu cabelo. Minha respiração ficou ofegante. A dele idem. Meus pelos da nuca foram arrepiando, assim como os pelos dos braços e das coxas.
Nos beijamos e fizemos amor ao som da linda canção francesa. Eu não queria que a manhã acabasse, nem que a neblina fosse embora; queria que os pássaros voltassem e cantassem o mais alto que pudessem. Eu queria ficar deitada ali no peito dele o dia todo, sentindo o calor dos seus braços, o toque das suas mãos e o perfume do seu corpo. Tomamos café e falamos, falamos, falamos pelo restante do dia.
Acordei e lá fora o céu amanhecia lentamente. A cama era espaçosa. Lençois brancos cobriam minha pele nua. As enormes janelas estavam entreabertas permitindo uma passagem de ar frio. As cortinas voavam livremente pelo quarto - pude perceber à medida em que fui abrindo os olhos lentamente. Esfreguei os olhos e espreguicei o corpo tentando me lembrar da noite passada. Levantei-me em direção à janela, levando junto a mim o lençol branco. A neblina cobria o semi-amanhecer. Os pássaros cantavam baixinho, sem querer incomodar. Cheiro de lavanda perfumava a suíte e então ouvi o barulho do chuveiro vindo do banheiro. Meu coração disparou: ele realmente estava ali. Olhei ao redor e haviam flores vermelhas sobre o criado-mudo ao lado da cama. Meu celular estava na poltrona encostada na parede paralela à janela; devia estar descarregado. Meu vestido azul e o restante das nossas roupas estavam espalhadas pelo chão. Esbocei um sorriso e fechei os olhos para sonhar um pouco mais. De repente começou a tocar Quelqu'un m'a dit. Senti os passos dele se aproximando de mim. Não me virei para olhar e o coração acelerou um pouco mais.
Chegou por trás com o corpo ainda molhado e afastou os cabelos que caíam sobre minha nuca. Beijou-me lentamente até alcançar minhas orelhas. "Você está linda", sussurrou. Hesitei em abrir os olhos; e se fosse sonho? Me virei para ele. Lindo como a névoa lá fora, com um sorriso que me chamava para perto, o torso enrolado numa toalha felpuda e vermelha, e algumas gotas de água escorrendo desde os cabelos até sumirem em seu peitoral. Nossos olhos encontraram-se e passei minha mão em seu rosto. Ele fechou os olhos sentindo meu toque, segurou minhas mãos e as beijou. Sorri timidamente quando ele voltou a me olhar e tentei esconder o rosto com o lençol. Ele me impediu, chegando mais perto, me puxando para si e então me abraçou forte. Foi um abraço de saudade, por tanto tempo perdido - misturado com um abraço de alívio por enfim estarmos perto um do outro. Pedi que esperasse um instante e fui ao banheiro.
Lavei o rosto, escovei os dentes e percebi que meus olhos possuiam um brilho que há muito tempo eu não via. Pelo espelho pude ver uma camisa dele esquecida no canto do box e me vesti com ela. Abandonei o lençol no banheiro e voltei para a enorme e elegante suíte. A música havia parado; coloquei para tocar novamente.
Vestindo apenas um calção, ele estava sentado na beira da cama, vendo as fotos da minha câmera - fotos minhas, dele e de mais alguns desconhecidos que encontrei no caminho. Cheguei por trás, envolvi meus braços pelo seu corpo e beijei sua nuca e parte de suas costas. Ele largou a câmera e acariciou meus braços, envolvendo seus dedos nos meus, apreciando de olhos fechados o toque da minha boca. "Bom dia", eu lhe disse finalmente, ao pé do ouvido. "Bom dia". Virou-se para mim e me deitou na cama inesperadamente. Seu corpo ficou sobre o meu e seus olhos me fitaram por um uns minutos. Eu queria pular de felicidade, queria beijá-lo incansavel e infinitamente, mas apenas retribui seu olhar, desviando a atenção para sua linda boca, cercada pela barba recém-crescida. Ele beijou meus olhos, a ponta do meu nariz, meu queixo. Beijou o pescoço novamente. Senti suas mãos passearem por minhas coxas, apertando-as, enquanto meus dedos passeavam por entre os fios do seu cabelo. Minha respiração ficou ofegante. A dele idem. Meus pelos da nuca foram arrepiando, assim como os pelos dos braços e das coxas.
Nos beijamos e fizemos amor ao som da linda canção francesa. Eu não queria que a manhã acabasse, nem que a neblina fosse embora; queria que os pássaros voltassem e cantassem o mais alto que pudessem. Eu queria ficar deitada ali no peito dele o dia todo, sentindo o calor dos seus braços, o toque das suas mãos e o perfume do seu corpo. Tomamos café e falamos, falamos, falamos pelo restante do dia.
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