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Memórias de viagem

Coloco a cabeça contra o vidro da janela direita do banco de trás do carro. Lá fora, uma paisagem linda me transporta para outro lugar. As árvores, carregadas de frutas, vão passando e ficando para trás. Assim como as árvores, também ficam para trás alguns planos e metas. Abro mão de objetivos, que me pareciam facilmente alcançáveis, em busca de uma vida nova. O vento invade o interior do carro violentamente, espalhando meus fios de cabelo. Observo as casas que vão surgindo ao longe e não esqueço da minha imensurável vontade de ter uma casa dessas de beira de estrada: amadeirada, com varanda, um riacho passando nos fundos, um quintal imenso, quase infinito, onde pudéssemos jogar bola ou montar um jardim. Vejo as crianças correndo descalças e sem preocupação nenhuma. As roupas secam ao sol, estendidas sobre o arame farpado que funciona muito bem como uma cerca. Que histórias têm para contar todas essas pessoas que passam? E então me bate uma súbita vontade de parar, perguntar, ouvir o que elas têm a dizer, sentar para conversar e contar o que se passa aqui dentro de mim. Gostariam de ouvir? Quem sabe um dia, espero que logo, num fim de semana qualquer, eu meta o pé na estrada, de carro ou de ônibus, e saia em busca de refúgio e sossego na minha própria casa amadeirada, perdida num quilômetro qualquer. O carro está indo rápido demais agora e ao cair, num buraco, acabo perdendo o foco do meu sonho de menina. Recoloco os fones de ouvido. Jack Johnson. Volto a sonhar acordada outra vez e, sem perceber, adormeço.

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