Por cada momento que foi nosso. Por cada palavra que eu deixei escapar no momento errado e por cada frase que eu falei, exageradamente, no momento certo. Por cada arranhão que eu dei em todos os centímetros das suas costas e dos seus braços. Por cada beijo que eu dei nas suas mãos, na sua nuca e no canto direito da sua boca. Por cada beijo que eu dei na sua boca. Por cada música que nós escutamos abraçados no jardim da minha casa olhando o céu ou na rede que fica na minha varanda, enquanto a chuva caía. Por cada lugar diferente que visitamos e por todos os lugares que costumávamos ir sempre, quase todos os fins de semana. Por cada flor e carta que você nunca me deu, mas que eu também não fazia muita questão de ter, porque eu tinha você e o chocolate do quiosque da outra rua.
Por cada foto nossa grudada no meu espelho, na minha geladeira, no armário da escola e nos meus cadernos e agendas. Também pelo seu silêncio repentino, seguido de uma risada estrondosa; pelo seu jeito inconveniente de dançar e o seu olhar na minha direção, enquanto danço de um jeito inconveniente também. Pela forma como o seu corpo encaixa no meu e pelo fato de o nosso andar seguir um mesmo ritmo, uma mesma sintonia, sem nada combinado ou consertado. Pelas mensagens que trocamos e pelos telefonemas que não desligamos, só pra dormirmos um perto do outro, um de cada lado da linha. Pela discussão que tivemos no outro dia e por fazermos as pazes hoje, pra brigarmos amanhã de novo e fazermos as pazes semana que vem, porque amor tem dessas coisas, de fica-não-fica, de vai-não-vai. Na verdade, fica.
Pela sua coleção de cuecas que tomou conta da minha gaveta de calcinhas, por todos os seus ternos e gravatas que ficaram espalhados no meu quarto e por nossas escovas dividirem o mesmo banheiro. Pela vontade que eu tenho de você ser pai dos meus filhos e pelo seu cheiro que impregnou no meu travesseiro. E também por todas as minhas roupas que eu esqueci no seu apartamento e, sinceramente, eu não gostaria de tirar de lá. Pelas pelúcias que você me deu no Dia dos Namorados - e me dão alergia - e pelo perfume feminino que eu comprei por engano, e te dei no dia do seu aniversário.
Eu poderia fazer uma lista de motivos para que a gente pudesse tentar de novo, querendo você ou não. Uma lista que fizesse você perceber que, dando uma mexida aqui e ali, a gente pode dar certo, que no fundo, no fundo, a gente se acerta. Talvez você saiba de todos esses motivos, talvez você também queira ficar e talvez você também esteja fazendo uma lista de motivos para não deixar eu ir embora. Mas por via das dúvidas, acho melhor a gente tentar de novo, sem fazer lista nenhuma. Vai que ela fica esquecida na gaveta ou se perde por aí, e acabamos nem tentando?
Tu me fizeste chorar agora, Alaiza...
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