E joguei a aliança fora mais uma vez. E tô começando a achar que isso tá dando azar, sabia? Tô querendo muito alguém que me faça um carinho. Tô querendo agora. Já. E começo a achar que eu sempre quis essa pessoa. Pessoa que não existe e se existe, ainda não apareceu. E se apareceu eu não quero. Obrigada por fazer eu me sentir um lixo. Obrigada por não mostrar interesse nenhum em casar comigo e ainda assim fazer com que eu planeje e sonhe com isso. Pior do que isso: sonhar em casar com você.
Talvez tenha sido um erro achar que nós fomos feitos um para o outro, mas eu quero insistir nesse erro, ainda que seja burrice demais. Tenho inveja sim de todos esses casais aparentemente não tão apaixonados, mas que acabam surpreendendo o parceiro e oferecendo uma rosa, ou um jantar, ou uma reunião em família para selar o compromisso. Compromisso. Quero alguém que me ofereça um jantar de compromisso. Quero alguém que me ame, porra! Quero que você me ame. Quero alguem que faça com que eu me sinta bonita mesmo com a maquiagem borrada logo pela manhã, quando esqueci de limpá-la antes de dormir; quero alguém que faça loucuras por mim na mesma intensidade com a qual eu sou capaz de fazer. Quero alguem que não reclame com o fato de eu não pentear os cabelos quando saio pra passear. Quero alguem que diga para os amigos que me ama, que eu sou legal -tá, eu não sou legal, mas que diga assim mesmo-, alguém que tenha ciumes de mim e tenha medo de me perder. Não precisa ser um grude, uma chatisse de companheiro, basta me mandar flores, e uma carta e tocar uma música no violão. Você nem sabe qual a música que eu tanto gostaria de ouvir. Ou sabe? Não sabe.
Não preciso de alguém que me banque, que compre roupas, sapatos e me deixe estourar cartões de crédito, porque isso eu posso conseguir sozinha. Cansei de ouvir que eu não tenho espaço nenhum na sua vida. Cansei de ouvir que a primeira, a segunda ou a terceira mulher a ocupar um lugar prioritário nas tuas decisões não sou eu. E cansei de ser julgada equivocadamente pela pessoa que me deveria conhecer como a palma da própria mão: você. Sabe qual a pior parte disso tudo? É que mesmo cansada disso tudo, o seu abraço me faz falta. Se um dia você sair por aquela porta e eu não ver mais suas roupas todas organizadas naquela merda de guarda-roupa, eu vou sentir falta. Eu posso parecer durona logo no começo, posso te expulsar de casa e te mandar pro inferno, mas ainda assim desejaria sua companhia mais que qualquer outra. E eu me odeio por isso.
Odeio por não conseguir ser tão durona assim. Me odeio por chorar todas as vezes em que deveria discutir e rebater suas acusações estúpidas e egoístas. Me odeio por mandar você pra puta que pariu, ao invés de escutar suas baixarias, olhar com cara de pouco caso e depois te ignorar e te deixar falando sozinho. Olha só: uma hora eu vou explodir! Aceita isso e não se irrita, eu sou um ser humano. Eu sorrio, sorrio, sorrio, mas também me frustro, me entedio, me estresso, me irrito fácil demais com qualquer coisa, com qualquer pessoa. E eu não lembro de ter assinado algum contrato - no começo disso que a gente chama de relacionamento - que me obrigasse a ser legal e sorridente o tempo todo. Se essa minha alteração de humor te impressiona: EU SINTO MUITO, QUERIDO! Mas aprenda a me aceitar do jeito que eu sou.
Para de ficar me criticando!! Eu não sou perfeita, muito pelo contrário: sou a criatura mais defeituosa que existe na face da Terra e que você teve a SORTE de encontrar. Às vezes sou obrigada a concordar contigo quando diz: 'a gente não vai dar certo desse jeito'. Já não estamos dando. Ou estamos, mas só que desse jeito. Sei lá. Obrigada por ter tirado a tua aliança também. Adoro o jeito como você prova que eu sou a mulher da sua vida (?) Vamos nos aguentando até a corda arrebentar - eu to torcendo para que ela não arrebente.
(Arrebentou em março de 2013)
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