Às vezes eu penso em tirar você desse pedestal em que te coloquei. Toda essa admiração, esse carinho, esse cuidado de querer te ver bem, acaba me fazendo mal. É um excesso de amorzinho, que enjoa. Enjoa todo mundo. E agora me contagiou. Eu espero demais, sabe? Torço pra que você retribua com os mesmos cuidados, que você tenha, no mínimo, reconhecimento por todos os meus esforços em te ver sempre bem, te deixar feliz, te fazer feliz ou te fazer um almoço. Mas você não reconhece.
Acha que eu não faço nada. Eu escrevo textos e mais textos pensando em você, escrevo poemas, frases. Copio frases, te ofereço músicas e você nem liga. Você sempre foi assim, não é? Eu devia estar acostumada, mas sabe o que acontece? Machuca. Você me respeita, me abraça, me apresenta a todos os seus amigos como sua esposa. Hoje em dia é tão difícil encontrar alguém assim. Então do que eu tô reclamando? Talvez você nunca leia esse texto ou os outros textos que já escrevi. Talvez você nunca abra aquela caixinha que eu guardo no guardarroupa pra saber o que eu sinto. Mas é que eu preciso de muita coisa. Ainda to tentando entender essa minha carência, essa minha bipolaridade. E nada de consultas com psicólogos ou terapeutas. Eu só preciso de um pouquinho mais de atenção. Da sua atenção. Não que você tenha que ficar me perguntando o tempo todo o que eu tenho. Eu só quero que você leia um texto comigo. Em voz alta. Ou escute uma música comigo e cante bem alto. Talvez isso seja coisa de mulher mesmo. Talvez não.
Eu penso em não me frustrar mais quando planejo casamentos. Aliás, eu penso em não mais planejar casamento, o nosso casamento. Não quero mais desenhar mentalmente nossa casa, não quero mais nos imaginar comprando nossos móveis, não quero planejar viagens de fim de ano ou de férias. Não enquanto eu fizer tudo isso sozinha. Não enquanto houver tanto desinteresse da sua parte. Tô cansada dessas conversas de que você anda cansado demais pra isso, para aquilo. Se doa por inteiro, caramba! Se entrega, faz as coisas com vontade! Essa tua falta de vontade em viver feliz, essa tua falta de atitude me mata. Não gosto disso. Tá vendo? Isso me irrita! Ri pra mim; conversa direito comigo, me olhando nos olhos. Me chama pra fazer algum programa diferente, me pergunta como foi meu dia, mas tem paciência quando eu quero contar detalhes. E me dá uma resposta interminável quando eu fizer o mesmo. Eu gosto de te ouvir falar. Mas não se lamenta. Me alegra. É só isso que eu preciso. Companhia, alegria. Só mais uma coisinha: aprende a tocar no violão aquela música que tanto gosto? Ela é em Inglês. Aprende inglês também.
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